domingo, 12 de outubro de 2025

Pirenópolis by Night - Epidemia do Hospital


 

Hospital Nossa Senhora do Rosário 


Introdução:

O Hospital Religioso Nossa Senhora do Rosário tornou-se o epicentro de uma... anomalia.
Chamam de “epidemia de fé”.
No último mês, pacientes tratados com o milagre de Santa Dica foram curados de males incuráveis...
Mas, logo após, apresentaram sintomas violentos — êxtases místicos, glossolalia, marcas nas mãos... e depois, desapareceram.

(Ele faz uma breve pausa, observando as reações.)

A Camarilla local suspeita de influência sobrenatural — talvez um vampiro, talvez algo pior.
Por isso, a Senhora Rosa de Anápolis pediu que... vocês fossem trazidos de fora.
Ninguém daqui pode ser visto agindo diretamente.

Seu disfarce: estudantes de medicina, enviados em programa de estágio e inspeção.
Devem entrar no hospital, observar e descobrir quem — ou o que — está realizando tais milagres.

Irmã Celina:

Tratem o caso com discrição.
Vocês agirão sob minha autoridade, mas não em meu nome.

Dr. Henrique Curado:
Lembrem-se da Máscara.
Não é apenas um disfarce — é o pacto que mantém o mundo cego para o que somos.
Uma palavra errada, um olhar fora do lugar, e todo o domínio de Pirenópolis desmorona.

***




Ato I — 🏥 Hospital Nossa Senhora do Rosário (Coração da epidemia)


Premissa: pacientes terminais relatam “milagres” atribuídos à Santa Dica. Desaparecimentos noturnos seguem-se às curas.

Disfarce sugerido: internos/estagiários, capelania, ou consultores administrativos. 

Hospital Religioso Nossa Senhora do Rosário é um conjunto antigo de dois casarões coloniais ligados por uma passagem coberta de telhas. Ao fundo, um prédio de serviços se esconde entre árvores e um terreno que desce até o Rio das Almas.


PRÉDIO ADMINISTRATIVO DOS FUNDOS


✝️ Padre Demétrio (Diretor do Hospital) - ADMINISTRAÇÃO

 Idoso, de olhar bondoso e voz trêmula, ainda com resquícios da antiga autoridade. Sofre lapsos de memória, confunde nomes e horários, mas acredita piamente que o hospital é obra de Deus.

Fé Verdadeira: sua presença causa desconforto sobrenatural a vampiros.

Relação: confia cegamente na Freira Margot, a quem chama de “filha fiel da Santa”.

Falas marcantes:

Fala que gostaria de ir na Missa do Rosário para os Curados, mas tarde da noite… não é comigo.

Sei que o “O mal está aqui, mas é o espinho da salvação.”


✝️ Freira Margot (Enfermeira-Chefe) - ADMINISTRAÇÃO

Mulher de meia-idade, semblante sereno e olhar frio. Trabalha no turno noturno, onde administra o hospital “em silêncio e oração”.

Segredo: é devota de Santa Dica.

Dicas de investigação:

📜 Carta cifrada com selo do Sabbat, falando das missas noturnas em Pirenópolis onde possui a cura da Santa Dica (em sua sala).

Falas marcantes:

“As doenças servem a um propósito maior.”


Arquivo médico – Registros mostram que os “curados” foram internados com sintomas diferentes (lepra, anemia, tuberculose), mas todos receberam transfusões no mesmo dia — realizadas por Dr. Elias, que desapareceu há uma semana.

Uma anotação na margem diz:
“O soro foi consagrado com o nome da Virgem e misturado à amostra sagrada — Hæc est sanguis eius.”


PAVILHÃO DR. CYNVAL DE CARVALHO


⚕️ Dr. Elias Moura (Clínico Geral) - CONSULTÓRIO

Homem de fé e loucura, enxerga no sangue o “sopro divino”.

Segredo: culpado pelas mortes dos pacientes (não relacionado com a trama).

Conexão sobrenatural: usa Vitae diluída em fórmulas de cicatrização - recebido por um fiel da Santa Dica. Não esconde se perguntado. 

Dica: 📜 frasco contendo vitae (Armário Consultório).

Fala: “O sangue canta antes da cura.”


💉 Freira Aimée (Téc. Enfermagem) - TRIAGEM

Sensível, cansada, e com crises de fé. Trabalha na enfermaria e na cozinha.

Segredo: some da triagem para encontrar Milton (não relacionado com a trama).

Relação: mantém romance secreto com Milton, o guarda (proibida por ser freira).

Cena: observada beijando-o na cozinha às 23h.

Dica: anel com nome “Aimée” encontrado na bolsa de Milton.


🚐 Milton (Guarda Noturno) - RECEPÇÃO

Homem forte e desconfiado.

Segredo: extorque pacientes (mentira para os paciente falando que entrega o milagre) e se envolve com Aimée.

Conexão sobrenatural: “Fui atacado lá embaixo, junto da água. O homem rezava antes de morder”

Fala: “Aqui dentro é pior que o inferno, padre.”


PAVILHÃO DR. SEBASTIÃO CURADO


💉 Irmão Gilberto (Enfermeiro) - LABORATÓRIO

Homem abatido, de mãos trêmulas e hálito alcoólico. Vive atormentado por um erro médico que matou um paciente.

Segredo: viciado em álcool; matou o jovem Theo por erro de dosagem (não relacionado com a trama).

Objetos: carta de confissão inacabada em sua mesa.

Cena: é visto bebendo escondido no depósito às 3h da madrugada.

Fala: “Ouço sinos às noites de plantão. Alguns pacientes somem na madrugada.”


🛏️ Simon (Paciente) - ALA DE INTERNAÇÃO

Jovem pálido com ferimento no braço — destino de amputação.

Segredo: é um carniçal inconsciente (transição para estágio II); delira orações à Santa Dica.

Conexão sobrenatural: recebe doses de Vitae de Margot (Some nas madrugadas = desaparece em 1 dias).

Dica

Sangue reage à luz; os batimentos cessam, mas o corpo fala.

Uma ficha médica com o nome “PACIENTE CURADO – ALTA INDEFERIDA”, e assinatura ilegível.


🛏️ Tobias (Paciente Insone) - ALA DE INTERNAÇÃO

Homem franzino, olhos fundos.

Segredo: deseja receber o “milagre da Santa Dica” que vê nos outros.

Fala: “Eles dormem, mas eu escuto quando o anjo desce.”


🛏️ Gideão (Pedreiro ferido)  - ALA DE INTERNAÇÃO

Homem rude, braço enfaixado.

Segredo: mente sobre um acidente — o ferimento foi ritualístico. 

Dica: 📜 Livrinho hagiográfico de Santa Dica. Riscado: "O sangue é dado na missa” (leito de Gideão).

Conexão sobrenatural: recebe doses de Vitae de Margot (Some nas madrugadas = desaparece em 2 dias).

Fala: “A irmã Margot me deu um livro… e desde então sonho com Santa Dica.”


🛏️ Richard (Paciente jovem)  - ALA DE INTERNAÇÃO 

Filho de Beatrice; tentou suicídio cortando o pescoço.

Fala: sussurra, não consegue falar; evita luzes fortes.


🛏️ Beatrice de Veiga (Acompanhante)  - ALA DE INTERNAÇÃO

Madame elegante, esposa de vereador.

Segredo: esconde a tentativa de suicídio do filho (não relacionado com a trama).

Dica: 📜 carta de Richard pedindo perdão.

Fala: “Este hospital fede à piedade — e a podridão da alma humana.”


Complicações de Máscara

Em 3 dias um surto noturno provoca ataque de pacientes a funcionários (os PJ podem conter ou explorar).

Pe. Luciano aparece discretamente 1 noite para colher amostras; 

Dr. Curado ronda para cortar pontas.


Inimigos possíveis

Flagelantes (Estágio II): ex-“Curados” fanatizados e violentos.


Fecho do Ato I:

Margot foge (deixa o selo Sabbat).  

Com exceção de Richard todos os pacientes desaparecem.





Cena 2 — ⛪ Igrejas & a Fé como Contágio

Locais:

  • Igreja do Carmo (base de Irmã Celina)

  • Igreja do Bonfim (refúgio do Pe. Luciano e local do grimório)

  • Igreja Matriz do Rosário (igreja dos “Curados”)

  • Rua do Lazer (ponto de boatos, arte e corrupção estética)

Objetivo:
Identificar onde ocorre a distribuição da “cura” nas igrejas, quem está por trás da logística do milagre e o próximo ponto de reunião dos fiéis.


🕯️ Pistas e Eventos

1️⃣ Igreja do Bonfim — O Sangue e o Verbo

Pe. Luciano é encontrado durante uma missa noturna, conduzindo discretamente um ritual hermético disfarçado de liturgia. Ele tenta compreender o milagre da Santa Dica como uma fórmula mágica.

🩸 Falas-chave:

“O milagre é Vitae, mas há algo… mais antigo.
O sangue está vivo, como se cantasse.
Preciso de mais amostras — tragam-me o sangue desses curados.”

📜 Pistas:

  • No altar, um grimório aberto sobre uma prece invertida.

  • Notas marginais: “Ritual do Abismo – adulteração incompleta da Vitae – fonte feminina.”

  • Luciano acredita que pode “corrigir o milagre”, sem saber que é manipulado pela própria influência da Dica.


2️⃣ Igreja do Carmo — A Indiferença dos Santos

Irmã Celina recebe os personagens com serenidade quase sobrenatural.
Ela mostra-se indiferente às notícias da epidemia, como se já soubesse — ou aceitasse — o curso dos eventos.

🩸 Falas-chave:

“As sombras sempre obedecem à luz, meus filhos.
E se Deus quiser devorar o mundo, quem seremos nós para impedi-Lo?”

📜 Pistas:

  • Uma pintura invertida de Santa Dica na sacristia (ela ao centro, Pompeu aos pés).

  • Ao fundo, escuta-se o sino do Rosário tocando fora de hora.

  • Celina não reage — como se esperasse o som.


3️⃣ Rua do Lazer — Relíquias Profanas

Vittoria di San Martino negocia com comerciantes e colecionadores.
Ela comprou objetos dos “Curados” — rosários, anéis, terços — contaminados por ressonância vampírica.

🩸 Falas-chave:

“Esses objetos cantam… como ecos de um vampiro muito antigo.
Sinto um Lasombra por trás, mas não Celina.
Alguém que dorme — e sonha com a carne.”

📜 Pistas:

  • Relíquias exalam leve calor e deixam manchas de vitae seca.

  • Uma inscrição em latim gravada em uma delas:
    “Teatrum Mortis – ad lumen reversus.”
    (O Teatro dos Mortos – retorno à luz)


4️⃣ Igreja do Rosário — Antes da Missa

🩸 Falas e Interações:

  • Margot distribui as hóstias:

    “O sangue cura, o sangue purifica. A Santa observa os humildes.”

  • Os pacientes Simon e Gideão estão entre os fiéis, com olhos vítreos e respiração imperceptível.

  • Se confrontados, Margot e os “Curados” fogem para o cemitério.

📜 Pistas físicas:

  • Marcas de dedos carbonizados atrás do altar.

  • Ampolas de vidro vazias, com odor ferroso.

  • Carta dobrada sob o missal:

“A cura é ofertada à meia-noite.
Quando o sino calar, o teatro renascerá.”


A Missa do Rosário

Durante a missa noturna, Margot invoca a Santa Dica.

Durante a madrugada, os jogadores testemunham uma missa reservada “para os de fé”.

As velas tremem, as sombras se distorcem — há uma presença, mas não uma forma.
Os fiéis dizem ver “o véu da Santa”, mas os vampiros percebem apenas o ar se condensando e o sangue vibrando.

Freira Margot conduz discretamente o ritual.
As hóstias são mergulhadas em líquido avermelhado antes da comunhão.

A Dica não pode entrar plenamente ali — a fé antiga a repele.

“Ela está próxima… mas o chão ainda pertence ao Deus dos vivos.” — sussurra um dos fiéis.

Margot anuncia que a Santa aparecerá ao pôr do sol seguinte, em “solo puro e silencioso” — o Cemitério São Miguel.

“Amanhã, os mortos abrirão caminho para a luz.”

→ Assim, a aparição é profetizada.
A missa termina em êxtase e caos — e os personagens têm um rastro claro: seguir os Curados até o cemitério.

 

  • Margot e os “Curados” desapareceram após a missa; seguir suas pegadas ou as pistas dos corpos desaparecidos leva até o São Miguel, onde tudo parece terminado, mas há sinais de mobilização religiosa na cidade.



5️⃣ Complicações:

  • Ataques espontâneos de Flagelantes nas ruas (vítimas transformadas – Estágio II).

  • Clima urbano se degrada: sangue em calçadas, sinos tocam fora de hora.


Fecho do Ato II

Os personagens ligam as pistas:

Eles são chamados no Elísio para apresentarem suas conclusões: Vittoria, Luciano e Celina têm visões diferentes do fenômeno. Celina vê o milagre como milagres; Luciano como fórmula de algum vampiro; Vittoria como arte profana. Curado quer interditar a cidade.


As missas noturnas, as relíquias e o sangue convergem para um único local — o Cemitério São Miguel, onde os fiéis se preparam para algo maior.

Após a missa noturna na Igreja do Rosário, os personagens são alertados por Mateus Sampaio de que os “Curados” estão sendo levados para o Cemitério São Miguel.

Padre Luciano pede que confirmem se os desaparecidos do hospital estão lá — e Vittoria menciona que colecionadores comentam sobre “ensaios fúnebres” noturnos.




Cena 3 — 💀 Cemitério São Miguel

🌒 Clima e Descrição

A neblina cobre os túmulos como um lençol vivo.
O cemitério, normalmente silencioso, pulsa com murmúrios e passos.
Entre velas acesas e panos brancos, dezenas de fiéis — pálidos, cobertos de ataduras — se reúnem como se esperassem um sermão dos mortos.

O portão de ferro range com o vento.
Um letreiro improvisado balança preso por arame:

“Procissão da Cura — amanhã, ao pôr do sol.
Todos os que receberam o toque da Santa devem comparecer.”


👥 Personagens Presentes

  • Freira Margot — coordenando discretamente os “Curados”. Entrega terços e lamparinas; parece em transe.
    Foge se confrontada, deixando apenas seu véu e uma pequena cruz de ferro coberta de sangue.

  • Rafa “Canela-Fina” — esgueirando-se entre os muros, observa e grava mentalmente tudo.

    “Eles tão se preparando pra um desfile, véi… um cortejo de fé e morte. Dizem que amanhã a Santa aparece de verdade, no Teatro.”

  • Mateus Sampaio — chega depois, furioso.

    “Esses fanáticos tão cavando um buraco entre o mundo deles e o nosso. E parece que alguém do Sabá tá soprando as orações.”


🩸 Descobertas

1️⃣ Preparativos para algo maior

Os personagens observam:

  • Túmulos limpos e cobertos por panos brancos — cada um com o nome de um dos “Curados”.

  • Círculos de cera vermelha e sangue, formando sigilos rudimentares.

  • Um púlpito improvisado com uma cruz invertida feita de ossos e madeira.

  • Panfletos colados nas paredes:

“Procissão da Cura — amanhã ao pôr do sol.
Todos os tocados pela Santa devem se apresentar no Teatro Pompeu de Pina.”

Primeiro elo direto com o Teatro.


2️⃣ Os “Curados”

Simon, Gideão e outros pacientes do hospital estão entre os fiéis.
Pálidos, imóveis, cantam em uníssono, olhos abertos mas sem foco.
Suas vozes se fundem em um som quase hipnótico — um murmúrio coletivo que vibra no ar.
Quem se aproxima sente o Vitae ressoar.

Um deles segura um cartaz escrito com sangue seco:

“O corpo é o altar. O sangue é o sermão.”


A Aparição da Santa Dica - antes da Margot fugir 

De repente, o canto cessa.
O vento para.
As velas se apagam — e o cemitério mergulha num silêncio que pulsa.

Então, uma luz tênue se ergue sobre o altar.
A forma translúcida de uma mulher coberta por um véu branco surge, iluminada apenas pelo brilho vermelho das chamas que voltam a acender.
O ar cheira a ferro e incenso.

“Filhos do sangue e da fé…
não há morte onde a carne se oferece com amor.”

Ela fala como se rezasse.
Os fiéis choram, riem e se cortam, derramando o sangue nas velas acesas.
Aos vampiros, seu olhar atravessa como punhal — ela os enxerga.

“Dom Pompeu dorme sob a pedra do teatro.
Amanhã, sua voz se erguerá em mim.
O sol será o cálice…
e a cidade, o altar.”

Sua imagem começa a se desfazer em névoa — o véu dissolvendo-se como fumaça viva.
Mas antes de desaparecer, sussurra apenas para os personagens, mesmo a distância:

“Venham ver, filhos da noite.
A fé precisa de testemunhas.”

E então, tudo se apaga — restando apenas o som distante dos sinos e o eco das preces.


⚰️ Complicações de Máscara

  • Alguns fiéis veem os personagens e os confundem com “anjos da Santa”.

  • Outros, em êxtase, tentam tocar suas mãos — e podem reagir violentamente se rejeitados.

  • Margot desaparece, levando consigo parte dos fiéis.

  • Canela-Fina tenta conter o caos:

    “Saiam daqui. Se quiserem descobrir o resto, vão ter que entrar como fiéis amanhã. Essa mulher quer palco.”


🧩 Revelações

  • A Santa Dica existe — mas é um eco espiritual Lasombra, alimentado pela fé dos Curados.

  • Ela planeja um grande ritual público no Teatro Sebastião Pompeu de Pina, onde “Dom Pompeu” repousa.

  • Os Curados são os vasos que manterão o fluxo de vitae e fé durante o evento.

  • O objetivo é “trazer a luz à sombra” — ou seja, expor o milagre à cidade toda.


🎭 Transição para a Cena 4 — O Teatro Pompeu de Pina

Objetivo narrativo: infiltrar-se entre os fiéis na Procissão da Cura.

Condições possíveis para entrada:

  • Disfarce como devotos (roupas brancas e lamparinas).

  • Uso de influência mortal (Igreja, Cultura, Autoridade).

  • Subterfúgio com Vittoria ou Luciano para obter credenciais de “patrocinadores” do evento.

Clima final da transição:
O vento sopra das montanhas trazendo o som distante de tambores e vozes.
As ruas começam a ser enfeitadas com fitas e flores — o “Dia da Santa” está prestes a nascer.
A fé virou espetáculo.
A cidade dorme… e o Abismo desperta.



🔥 Cena 4 — O Teatro Pompeu de Pina

“Quando o sangue vira fé, o palco vira altar.”


🎭 Contexto

A cidade desperta ao som de sinos e procissões.
É o “Dia da Santa” — uma celebração improvisada que ninguém sabe quem organizou, mas todos parecem acreditar ser oficial.
Bandeiras brancas tremulam, terços pendem das janelas, e o rumor corre:

“Hoje, a Santa Dica vai aparecer de corpo inteiro.”

O cortejo segue pelas ruas de pedra até o Teatro Sebastião Pompeu de Pina, fechado há décadas e agora reaberto — decorado com panos brancos, cruzes de madeira e símbolos religiosos misturados a ícones heréticos.

Os jogadores, infiltrados entre os fiéis, percebem a ressonância sobrenatural: o Vitae vibra em toda parte.
A fé coletiva virou um campo de energia viva — um ritual de massa.


🕯️ Ambiente e Clima

O teatro está lotado.
Nas arquibancadas, os fiéis vestem mortalhas brancas; no palco, velas e taças de barro cheias de sangue seco.
Um coral de vozes femininas entoa uma melodia monótona, entre oração e delírio.

A plateia repete os versos:

“A carne é o cálice, o sangue é a luz.
Dorme o Senhor na pedra do mundo.
Acorda a fé — e o Abismo canta.”

Atrás do palco, um grande pano branco vibra levemente, como se respirasse.
Sob ele, o símbolo do Abismo Lasombra desenhado com sangue — uma espiral que engole a própria luz.


👥 Personagens-Chave

  • Freira Margot – No centro do palco, agora vestida de branco e vermelho.
    Sua voz ecoa como se fosse de muitas mulheres ao mesmo tempo.

    “A Santa se manifesta através do sacrifício.
    O sangue é o caminho.
    O Teatro é o altar.”

  • Padre Demétrio – Está entre os fiéis, confuso e em prantos.

    “Eu construí um hospital, não um templo da morte…”

  • Simon e Gideão – Os “Curados” mais antigos; estão em transe, de mãos dadas, prontos para o sacrifício.

  • Fiéis – Centenas de pessoas em estado de êxtase.
    Alguns choram, outros riem, outros murmuram orações misturadas com frases do Sabá.


⚙️ Desenvolvimento Narrativo

1️⃣ Início da Procissão

Os sinos da Igreja Matriz tocam.
As portas do teatro se fecham sozinhas.
Margot ergue uma taça de barro e a esmaga contra o chão.

“Com este sangue, abrimos o véu.”

O pano branco do fundo do palco começa a sangrar lentamente.
As luzes tremem.
A sombra por trás da cortina ganha forma — um corpo humanoide, feito de trevas líquidas, repousando em posição fetal.

Os personagens sentem o Vitae pulsar como se algo sugasse suas próprias reservas vitais.


2️⃣ A Manifestação da Santa Dica

A voz dela preenche o teatro inteiro — não vem de um corpo, mas do ar.
O pano se rasga de dentro para fora, e a figura translúcida da Santa Dica surge, iluminada por um vermelho profundo.

“Meus filhos…
o Senhor dorme em pedra,
mas o sangue dos justos o despertará.”

Margot ajoelha-se, estendendo as mãos cobertas de sangue.
Os fiéis começam a se cortar, um a um, enchendo as taças e derramando o conteúdo no chão do palco — o sangue corre, formando novamente o símbolo do Abismo.


3️⃣ O Despertar

O teatro inteiro treme.
As lâmpadas estouram.
As sombras ganham densidade.

Sob o palco, algo se move.
Uma forma gigantesca de pedra — o corpo adormecido de Dom Pompeu de Pina — começa a emergir através do piso, coberto por correntes enferrujadas.

A Santa Dica flutua sobre ele, sorrindo.

“Ele não dorme mais.
Ele sonha… comigo.”

A sombra de ambos começa a se fundir — a luz do sangue e a escuridão do Abismo se misturam em uma mesma cor impossível.


⚔️ Desfechos Possíveis

🩸 1. Vitória da Santa Dica (Fim Ruim)

Os personagens falham em interromper o ritual.
Os fiéis se cortam em uníssono, e o teatro se transforma em um mar de sangue.
Santa Dica funde-se ao corpo de Dom Pompeu, tornando-se uma entidade única — o Abismo da Luz.
Uma onda de escuridão cobre Pirenópolis.
Quando o sol nasce, nenhum reflexo permanece na cidade.

“O sangue é luz. A fé é sombra.
E a noite é eterna.”


🔥 2. Intervenção dos Personagens (Fim Trágico)

Os vampiros destroem o símbolo antes que o corpo desperte, mas o sangue já foi derramado.
Santa Dica se dissipa em gritos, mas uma fração de Pompeu desperta — confuso, faminto, monstruoso.
O palco desaba, o teatro pega fogo.
Os personagens lutam entre as chamas e as sombras, talvez sacrificando parte de si mesmos.
A cidade amanhece coberta por uma chuva vermelha.

“A fé queima mais devagar que o fogo.”


⚖️ 3. Purificação (Fim Ambíguo)

Os jogadores decidem participar do ritual e oferecer seu próprio Vitae, estabilizando a fenda.
Pompeu retorna ao torpor, e Santa Dica desaparece com um suspiro.
Os fiéis sobrevivem, mas em coma.
No silêncio, o corpo de Margot é encontrado entre as cortinas — sorrindo, com os olhos abertos.

“Toda fé é sangue que ainda não coagulou.”


🩸 Revelação Final

O “Sangue Santo” nunca curava ninguém — era um canal.
Cada Curado foi uma veia viva do Abismo, sustentando a ponte entre Santa Dica e Dom Pompeu.
A cidade inteira tornou-se o corpo sacrificial da fé.

Agora, a Noite em Pirenópolis nunca mais será silenciosa.
Os sinos tocam de madrugada.
E às vezes, entre os ecos do teatro vazio, ainda se ouve uma voz feminina:

“O sangue é luz… e a luz é o meu nome.”




Apêndice — Evolução da Infecção 

Estágio I — Curados
Palidez, frio, batimentos imperceptíveis, salmos sussurrados; trágicos, pouco perigosos.

Estágio II — Flagelantes
Hemorragias, unhas/dentes alterados, êxtase ao ouvir “Pompeu/Dica”; violentos, caçam à noite.

Estágio III — Vasos do Abismo
Veias negras, olhos vazios, canto corruptor, toque que drena; inteligentes, resistentes a técnicas sociais.

Desaparecimento: corpos “absorvidos” pelo Abismo local (Museu & Rio). Cada desaparecido fortalece a fenda.

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